Profissional disse Nathali Haydee Cunha foi diagnostica com dengue e que seguiu o protocolo recomendado para o tratamento da doença. Marido da paciente o acusa de negligência.

O médico Pablo Henrique, que foi agredido pelo marido de uma paciente que morreu durante atendimento em uma unidade de saúde de Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, diz que não houve negligência. O profissional disse que seguiu todos os protocolos para tratar a professora Nathali Haydee Cunha, mas que o quadro dela se agravou e ela não resistiu, mesmo com os esforços. Devido ao corte que teve no rosto, o profissional está afastado do trabalho, se recuperando.

g1 entrou em contato nesta quinta-feira (14) por e-mail e mensagem com a Secretaria Municipal de Saúde e com a organização social que administra a unidade, mas não teve retorno até a última atualização dessa reportagem sobre o atendimento prestado à paciente e se há falhas na segurança da unidade.

A defesa de Jhader de Melo, marido da paciente que agrediu o médico, disse que o cliente está arrependido e que ele se descontrolou após a perda da esposa.

Pablo, que preferiu não ter o nome completo divulgado, explicou que a paciente procurou inicialmente a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Setor Mansões Odisséia com dores no corpo. Ela foi diagnosticada por um médico com dengue e encaminhada para casa para se hidratar e tomar medicação.

Jhader de Melo e a esposa, Nathali Haydee — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Jhader de Melo e a esposa, Nathali Haydee — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Porém, quatro dias depois, voltou à unidade, ainda com dores. Na ocasião, foi atendida por ele. Ele conta que, do momento em que ela chegou de carro até ser medicada, passando pela triagem, levou cerca de 8 minutos.

“Em nenhum momento foi tratado com negligência, isso é totalmente incompatível com o tratamento que foi dado a ela”, afirmou o médico.

O marido de Nathali ainda acusa o médico de ter gritado com a paciente, a mandando calar a boca e dizendo que ela não estava sentindo tanta dor. Pablo nega que tenha gritado e disse que conversou naturalmente com a paciente, mas para confrontar as informações sobre o estado de saúde dela e que ela se acalmasse.

Pablo conta que seguiu os protocolos para o tratamento da dengue e que era necessário esperar que eles fossem administrados para ver a evolução da paciente e determinar os próximos passos.

“Em um momento, a paciente disse que tinha melhorado um pouco, então expliquei que íamos esperar terminar o remédio para ver como ficaria a situação”, disse. O médico conta que, após ver que a paciente não tinha melhorado, foi solicitar a transferência dela para a área de emergência.

“Na hora que a paciente chegou, eu sabia que era uma paciente que tinha potencial de gravidade, que o acompanhante poderia ficar agitado, porque a paciente estava com dor. Com essa paciente, todas as vezes que o acompanhante me chamou, eu fui lá, nem que fosse para explicar que era preciso aguardar a medicação, ver se ela estava sentindo dor”, disse.

Nathali Haydee, de 36 anos, morreu em Águas Lindas de Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Porém, a paciente morreu cerca de 2 horas depois. Nesse momento, o marido da paciente, Jhader de Melo, entrou no consultório do médico e o agrediu com socos. O profissional conta que atendia outra pessoa quando as agressões começaram. Pablo teve um corte no olho esquerdo.

A Polícia Militar registrou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra o acompanhante da paciente por agressão. A morte de Nathali é investigada pela Polícia Civil.

Pablo conta que é médico há dois anos e seis meses e trabalha na UPA há pouco mais de um ano. Durante esse tempo, já recebeu ameaças e também presenciou agressões a outros colegas.

O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) repudiou, em nota, a agressão contra o médico e afirmou que “nada justifica a violência registrada”. O órgão também lamentou dizendo que episódios de violência como esse estão cada dia mais comuns e exigiu a implementação de medidas “para garantir a segurança de quem trabalha salvando vidas”.

Médico é agredido por marido de paciente que morreu durante atendimento em UPA de Águas Lindas de Goiás — Foto: Reprodução/PM/Pablo Henrique/Arquivo Pessoal

Médico é agredido por marido de paciente que morreu durante atendimento em UPA de Águas Lindas de Goiás — Foto: Reprodução/PM/Pablo Henrique/Arquivo Pessoal

Fonte: G1

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