Aliados disputam vagas na chapa majoritária 

Base caiadista pode ter múltiplas candidaturas avulsas para o Senado

Governador Ronaldo Caiado (Foto: Secom)

As articulações para as eleições de 2026 na base caiadista seguem intensas, com partidos buscando alternativas para acomodar diferentes forças políticas. A possibilidade de candidaturas avulsas ao Senado surge como solução para contemplar aliados sem comprometer a unidade do grupo.

Com Ronaldo Caiado fora do governo no próximo ano e focado na disputa presidencial, o vice-governador Daniel Vilela terá o desafio de manter a coesão da base. Nos bastidores, há um embate entre lideranças que pleiteiam uma das duas vagas ao Senado, incluindo nomes de peso e até surpresas no cenário político.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) permite que partidos coligados para o governo lancem candidatos separados ao Senado, o que poderia aumentar significativamente o número de postulantes. Atualmente, figuram na lista de possíveis candidatos nomes como a primeira-dama Gracinha Caiado, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha e o presidente do PP em Goiás, Alexandre Baldy. Além disso, o cantor Gusttavo Lima foi mencionado como uma alternativa, o que adicionaria um elemento inusitado à disputa. O sertanejo, no entanto, já tirou o time de campo e revelou que não deve disputar qualquer cargo eletivo no próximo pleito. 

O cientista político Rafael Nogueira avalia que o principal desafio será manter a base unida diante de tantas pretensões políticas. “Com Caiado fora do governo, há um vácuo de liderança. Daniel Vilela terá que demonstrar habilidade para acomodar essas forças e evitar rupturas que possam fragilizar a coligação,” destaca.

Nogueira avalia que aos poucos a disputa interna já começa a se desenhar. A primeira-dama Gracinha Caiado, por exemplo, tem forte presença em programas sociais e base consolidada no interior do estado. Sua eventual candidatura ao Senado poderia contar com o apoio direto do governador.

Por outro lado, Gustavo Mendanha, que já disputou o governo em 2022, busca consolidar sua posição dentro do MDB e pode mirar tanto o Senado quanto a vice-governadoria. Outro nome em evidência é o de Alexandre Baldy, que já se articula para garantir apoio dentro da base e consolidar sua candidatura.

Bastidores da Disputa

Além da incerteza sobre os nomes que concorrerão ao Senado, há um fator extra que complica o cenário: a influência do governador Ronaldo Caiado mesmo fora do governo. Embora sua prioridade seja a candidatura presidencial, fontes ligadas ao governo indicam que ele pretende ter papel ativo na definição dos candidatos da base ao Senado.

Para um articulador político próximo ao governo, que preferiu não se identificar, o cenário reflete o peso que Caiado ainda exerce na política goiana. “Ele não vai impor nomes, mas a base espera um direcionamento dele. O desafio é que há muitos aliados de peso e não há espaço para todos na chapa principal”, explicou.

Nos bastidores, há articulações para evitar um embate direto entre aliados e garantir que a base mantenha sua força política sem rachaduras. A avaliação entre líderes partidários é de que, mesmo com múltiplas candidaturas ao Senado, o grupo precisa atuar com coordenação para que os votos não se dispersem e beneficiem a oposição.

Reação do Meio Político

O fato de a base caiadista cogitar múltiplas candidaturas ao Senado tem gerado reações entre adversários políticos. Líderes da oposição avaliam que essa movimentação pode enfraquecer o grupo governista.

“Se houver muitos candidatos disputando entre si, a base pode perder força e abrir espaço para a oposição crescer”, disse um analista político ouvido pela reportagem.

Por outro lado, aliados de Caiado minimizam os riscos. “Essa possibilidade apenas fortalece a base. Com mais nomes disputando, aumentamos nossas chances de garantir que os dois eleitos sejam da aliança governista”, argumenta um líder político próximo ao grupo governista.

Há cerca de um ano e meio antes do início oficial das campanhas, o cenário segue indefinido. Os próximos passos da base caiadista serão cruciais para determinar se a estratégia de múltiplas candidaturas ao Senado será um trunfo ou um problema para a aliança governista em Goiás.

Múltiplas candidaturas

O governador Ronaldo Caiado comentou recentemente em entrevista ao Portal Metrópoles a possibilidade de múltiplas candidaturas na base e a cada partido, o que pode ampliar significativamente o número de candidatos da base governista.

“Temos oito partidos aliados. Se cada um lançar dois nomes, podemos ter até 16 candidatos ao Senado dentro da mesma coligação,” declarou Caiado em entrevista ao portal Metrópoles.

A experiência da eleição de 2022 reforça a complexidade da disputa. Naquele ano, a base de Caiado lançou três candidatos ao Senado, mas nenhum deles foi eleito. O vencedor foi Wilder Morais, do PL. A época, o então deputado federal Delegado Waldir, hoje presidente do Detran-GO fez consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as candidaturas isoladas para o Senado.  

Aspectos Jurídicos

A advogada eleitoralista Ana Beatriz Souza esclarece que, no Brasil, candidaturas avulsas – sem vínculo partidário – são proibidas. No entanto, candidaturas isoladas dentro de uma coligação são permitidas, desde que respeitem as regras partidárias.

“Se um grupo de partidos se une para lançar um candidato a governador, eles não precisam necessariamente lançar um único candidato ao Senado. Cada legenda pode apresentar seu próprio nome para a disputa, desde que respeite os limites do TSE”, explica.

A movimentação política em Goiás nos próximos meses será crucial para definir os rumos da base caiadista. Se as candidaturas avulsas forem de fato adotadas, o eleitor poderá ter uma grande variedade de opções dentro do mesmo grupo político, tornando a disputa pelo Senado ainda mais imprevisível.

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